segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Santa falta de tato!

Olá pessoal.
Hoje fui "ironizada" por um colega de trabalho por não saber da existência da palavra presidenta. Na realidade estavam falando de política e eu brinquei com o fato de somente o presidente Lula aparecer na tv falando presidenta. Não tenho nada contra a palavra. Meu "colega" disse que eu procurasse me informar (o que aliás busco sempre, pois graças a Deus não sou nem onipotente nem onisciente - falo isso porque esses intelectuais são tão 'humildes' que não se cansam de despejar em nós suas verdades absolutas e imutáveis - Puxa! Como eu sou burra por não ter o poder incontestável de saber quem realmente será o melhor para o Brasil!!!).
Bem, eu não gosto do som da palavra presidenta, se vão me condenar por isso: condenem.
Não gosto! Isso não significa que eu acredite que o sexo de alguém possa vir a determinar sua competência.
O que eu realmente acredito é que não há democracia quando se obriga alguém a votar. Assisto o horário político (é, pasmem, mas assisto kkkk) procurando aquele candidato que irá me cativar, me impressionar, me motivar, seja lá que verbo queiram usar, pelas suas propostas. Mas se ele não aparecer? Sou obrigada a sair da minha casa e ir votar, mas em quem? Em alguém que não me convenceu mas que fulano ou beltrano pediram para que eu votasse? Não importa se é uma celebridade, um parente ou O presidente. O candidato tem que me convencer com propostas, não a pedidos.
Por isso, desculpem-me os intelectuais, mas prefiro continuar com minha humilde "inguinorância".

E sobre a palavra... coloco aqui um artigo que encontrei bem bacana de um profissional reconhecido que explanou a questão.

Beijo a todos e qualquer coisa é só ignorar meu blá blá blá


A presidenta do Brasil!
http://www.portuguesnarede.com/2010/07/presidenta-do-brasil.html
postado por Laércio Lutibergue


Existe a possibilidade de, em breve, escutarmos a frase interjetiva que intitula este miniartigo.

Que poderia ser dita de outra forma: "A presidente do Brasil!"

Daria no mesmo, pois as gramáticas e os dicionários legitimam ambas as formas: "presidente", como um substantivo de dois gêneros, em que a indicação do sexo é feita por um determinante na forma de artigo, adjetivo ou pronome (a/o presidente, presidente honesto/honesta, meu/minha presidente); e "presidenta", como substantivo feminino, em que a indicação do sexo é feita pelo próprio gênero da palavra, ou seja, "presidenta" será sempre uma mulher.

Portanto, se Marina Silva ou Dilma Rousseff, as duas mulheres que disputam a eleição para presidente do Brasil, for eleita, podemos indiferentemente dizer "a presidente Dilma", "a presidenta Dilma", "a presidente Marina" ou "a presidenta Marina".

Esse é o lado gramatical da questão.

Passemos para o prático.

Em termos de uso, é visível a preferência neste momento por "a presidente".

E não poderia ser de outra forma, pois nunca houve uma mulher no principal cargo do País.

O mesmo ocorreu com outros femininos, que só ganharam força quando as funções passaram a ser exercidas por mulheres, a exemplo de "coronela", "consulesa", "doutora", "mestra", "ministra", "professora", "oficiala".

Vejamos o caso de "papisa".

É um feminino que existe na teoria gramatical, porém, como nunca houve uma mulher exercendo a função de papa, não se realiza na língua cotidiana.

Mas ele está ao nosso dispor e, se um dia houver uma mulher na liderança da Igreja Católica, certamente vamos chamá-la de "a papisa".

O feminino "presidenta" está mais ou menos nesse estado de latência, dependendo, para se popularizar, de maior presença das mulheres no cargo de presidente.

E a eleição de uma mulher para a Presidência da República pode representar um passo decisivo para isso.

Pois, na hipótese de o País passar a ser governado por uma mulher, não há dúvida de que "a presidenta do Brasil" será uma forma muito mais expressiva do que "a presidente do Brasil".

Publicado na coluna "Com todas as letras", Jornal do Commercio do Recife, em 14/7/2010.


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